28/09/09

Balanço das Legislativas

José Sócrates ganhou as eleições. O povo foi soberano e teremos que aceitar. Porém, agora uma análise um pouco mais a frio, permite compreender o que sucedeu. O povo estava descontente, e portanto deslocou muitos votos para os três partidos alternativos à governação central. O mesmo não aconteceu com o PSD por dois motivos: Em primeiro lugar fez uma má campanha, em que Manuela Ferreira Leite não conseguiu combater a energia de José Sócrates. Faltou-lhe o carisma e a vontade expressa na cara de, por exemplo, Paulo Rangel. Em segundo lugar, a governação encostada à direita de Sócrates aliada à clareza das ideias programáticas do CDS de Paulo Portas, colocou o estagnado PSD numa situação de redundância sem grandes pontos diferenciadores.
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Portanto, não entendo que este resultado tenha sido uma vitória da esqueda sobre a direita, pois apesar da esquerda radical ter ganho lugares no Parlamento, este PS de Sócrates não é de esquerda. Como prova disso, pode fazer a governação à direita com o CDS sem qualquer oposição do BE ou PCP ou da eventual pseudo-oposição do PSD. Obviamente, que também não é uma vitória clara da direita já que pode optar por governar à esquerda com acordos com os radicais (pouco provável) sem que a direita o possa impedir.
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O CDS, ou melhor, Paulo Portas, foi um dos grandes vencedores e só não foi "o" vencedor porque José Sócrates continua a ser Primeiro-Ministro. Conseguiu o maior aumento absoluto de deputados (9 deputados contra os 8 do BE, 6 do PSD e 1 do PCP) e assumiu-se como a terceira força política. Paulo Portas colhe assim os frutos de uma excelente campanha, em que convenceu o eleitorado pela clareza das suas ideias e que certamente "roubou" muitos votos ao PSD.
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Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda ganharam, mas não saíram vitoriosos. Tudo indicava que fossem a terceira força política e não foram. Nem sequer conseguiram abrir uma possibilidade de entendimento com o PS através da maioria absoluta dos dois partidos. Conseguiram menos 5 deputados que o CDS. A esquerda não venceu à direita, pois o PS de Sócrates não é o PS de Manuel Alegre e de Mário Soares. Louçã não ganhou e para mim, uma não vitória é uma derrota.
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O Partido Comunista voltou a ganhar. Aliás, ganham sempre, independentemente dos resultado eleitoral. A cassete é sempre a mesma e não há volta a dar! Têm um eleitorado constante sem grandes flutuações.
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O PSD foi o grande derrotado apesar de conseguir mais seis lugares no Parlamento. Não teve nem a força nem a vitalidade de José Sócrates nem de Paulo Portas. O eleitorado que alterna entre PS e PSD, constatou que o PSD não é alternativa e portanto prefere um mal menor do que regressar ao tempo da ingovernação de Santana Lopes. O PSD precisa de se refundar, unir e falar a uma única voz. Este é um momento chave para o partido que tem que acabar com as disputas internas e reforçar-se para as batalhas futuras.

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