01/04/10

A Mãe dos Enfermeiros

Já na anterior greve dos enfermeiros eu manifestei o meu profundo desagrado. Independentemente das suas razões (com as quais eu não concordo), eu gostava de perguntar a algum dos enfermeiros se a sua mãe tinha alguma operação marcada e foi cancelada? Ou se a sua mãe está internada e não tem por isso quem olhe por ela (pois os serviços mínimos estão obviamente na UCI - alguns nos cinemas UCI mas quero referir-me à unidade de cuidados intensivos)? E já agora, esta semanita antes da Páscoa dá um jeitão para se estar de greve...
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Já que a economia é a minha área, vou dar-vos algumas luzes:
1. Quantos colegas enfermeiros têm vocês? Imensos não é?! Ora se a oferta (de enfermeiros) é muito elevada, é natural que a procura (os hospitais e afins) pague salários mais baixos. Mas não é por aí.
2. Sabem quanto ganham os licenciados por esse país fora, no sector privado? Alguns até ganham metade do que os enfermeiros no início de carreira. Pois... Isso é muito pouco não é?! É quase o salário mínimo mas é este o ponto em que chegamos. E estamos a falar de cursos a sério em universidades de prestígio.
3. "Mas nós ganhamos menos que os outros na função pública". E eu ganho menos que os outros no sector privado. E qual é a solução? Procurar alternativas. Não é por isso que eu digo aos clientes para terem paciência mas que esta semana quero mostrar ao país que ganho pouco e não gosto disso. Muito menos faria isso a doentes.
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Em termos morais, não sou ninguém para julgar ninguém, mas digo-vos que acho muito mau o que estão a fazer aos doentes. São eles que ficam prejudicados. Não é a ministra, nem sequer o sócrates. São mesmo os doentes. Os que têm que adiar as suas operações e os que já estão à espera e assim vão continuar. Em termos profissionais, acho que também não estão a cumprir com o vosso dever. Mas cada um sabe de si e sabe como consegue dormir à noite.
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PS: E se os hospitais fossem privados?!