29/01/10

Vai trabalhar, malandro!

De acordo com o art. 57º da Constituição da República Portuguesa, é garantido o direito à greve.
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No entanto, o que não deve estar garantido é o direito de condicionar a vida dos demais cidadãos. Ontem foi vergonho o que os enfermeiros em greve fizeram na VCI e na Circunvalação. Não prejudicaram nem o Primeiro Ministro, nem a Ministra da Saúde, nem ninguém que lhes resolva os seus problemas. Prejudicaram sim todos os portuenses que queriam chegar a horas ao seu emprego e não conseguiram. Emprego em empresas privadas que muitas vezes não toleram o mínimo.
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Já para não falar, como mostra a televisão, do pobre coitado que seguia na sua moto quando o automóvel distraído (e com culpa própria) pela manifestação no sentido contrário, o atingiu. Isto não é o direito à greve. Isto é muito mais do que a luta pelos direito. É interferir com a vida dos outros. É a tal história que muitos (e muitos da esquerda) não percebem. "A tua liberdade acaba no momento em que começa a minha".
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Mais. O sindicato anunciou que ontem que a adesão foi de 90,6% durante o dia e de 94,3% durante a noite, pelo que posso concluir que cerca de 3,7% do total apenas não querem trabalhar à noite!
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E posso concluir também que os serviços mínimos dos enfermeiros são de 9,4% durante o dia e de 5,7% durante a noite. Então, parece que existe até excesso de enfermeiros, para além do que se julga. Pois só estes são essenciais. Se não for assim, então o acto dos enfermeiros (para além de proído - parar o transito na VCI) é inconstitucional. O número três do artigo que citei diz que é necessário garantir os serviços mínimos.
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Como diz hoje o Público, os enfermeiros já disseram que vão "radicalizar a luta". Este acto radical inclui "suspender durante duas ou três semanas as cirurgias programadas". Acham bem? É que perderam toda a razão que possam ter. Estamos a falar de pessoas que necessitam de ser operadas. Não da ministra. Haja responsabilidade.
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Mais. Estão contra a redução salarial face ao actual salário e face a colegas do sector público. Pois bem, se o problema é a comparação, sugiro a comparação com o sector privado. Os milhares de licenciados (os que têm a sorte de estar empregados) não ganham quase 1000 euros no primeiro emprego. Isso é uma minoria.
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Independemente das razões dos enfermeiros, irrita-me o modo como se manifestam. Eu não tenho culpa e portanto desejo não ser incomodado com as vossas acções de manifestação. Por favor, respeitem. Caso contrário, apenas digo: "Vai trabalhar, malandro!"

20/01/10

CDS e o "Rabo na Boca"

Não. Não estou a fazer nenhuma ilusão ao significado literal da expressão do título. Tal seria nogento. Contudo, depois de tantas e boas ideias, que eu inclusivé aqui defendi, eis que o CDS aparece com uma brilhante péssima ideia. Devem ser os ares da negociação com o PS que os deixou assim.
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Pedro Mota Soares proferiu que, entre outras medidas como a fiscalização do RSI, o país deveria adoptar a seguinte medida: Quando um desempregado é contratado com um contracto a termo certo, a empresa deve receber por parte do Estado aquilo a que o desempregado teria direito (subsídio de desemprego) se assim continuasse. Esta proposta não tem pés nem cabeça! E são vários os motivos.
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Em primeiro lugar, não contribui para o objectivo de redução do défice, antes pelo contrário. Mas este argumento é o menor dos três (embora seja importante). Depois, as empresas não vão recrutar os seus futuros trabalhadores com base nas suas competências mas sim com base nas vantagens pecuniárias que podem resultar para a empresa. Neste caso os "recém-desempregados" estarão na linha da frente para serem contratados. Cada dia que passa reduz a probabilidade de serem recrutados. Por último, vai criar uma situação de pescadinha de rabo na boca. Os desempregados quando deixam de ter direito ao subsídio de desemprego, vão ter muitas mais dificuldades para encontrar emprego.
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Portanto, posso aqui dizer que acabei de apanhar com um balde de água fria na espinha. E o CDS que se ponha fino pois não é com desilusões destas que consegue novamente dois dígitos.

15/01/10

Mentira

Este Governo que vocês escolheram (nem todos vós...) está a anunciar-vos aquilo que era esperado e óbvio, e que inclusive eu já tinha dito que mais tarde ou mais cedo iria acontecer: aumento de impostos. Pensemos: com o grande aumento das despesas públicas, motivado em grande parte pelas megalómanas obras públicas, e com os problemas de défice que já temos (mesmo antes desses projectos), é lógico que a única maneira de equilibrar as finanças é aumentar impostos.

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Ora, um aumento da despesa do Estado que seja acompanhado por um aumento de impostos vai eliminar parte ou a totalidade do aumento do PIB em reacção a tal política expansionista. Ou seja, este investimento todo que Portugal vai efectuar será em vão em termos de crescimento económico. Pois... então porque o fizeram??

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Fizeram porque queriam ter um TGV em Portugal mesmo que isso não nos traga utilidade. O TGV é bom para quem vive no centro da Europa. Para países periféricos em relação ao resto da Europa, como Portugal e os países nórdicos, o TGV torna-se um excesso. O que temos nós a mais do que os nórdicos para termos TGV e eles não? Temos o Sócrates.

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Eu sei que é enfadonho, mas para justificar as minhas afirmações tenho mesmo que colocar aqui um pouco de teoria económica:

Aumento de Gastos Públicos -> Aumenta o PIB

Aumento de Impostos -> Diminuiu o Rendimento Disponível -> Diminui o Consumo -> Diminuiu o PIB

Para além de que vai agravar a situação das empresas e logo tornar diminuir a contratação e aumentar os despedimentos -> aumentar o desemprego.

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Para além dos custos monetários são estes os verdadeiros custos do TGV. Mais uma vez, é a política do logo se vê que é aplicada (e que ganha eleições) sem olhar as previsíveis consequências. Enfim, mostra a incapacidade e a falta de inteligência deste Governo.

Logo se vê...

De forma sorrateira, conseguiram roubar o Red Bull Air Race ao Porto. Agora, que conseguiram o que queria (isto é, o roubo!), é que estão a analisar verdadeiramente a questão.
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Pois bem, António Costa "admitiu que existe uma cláusula contratual relativa ao exclusivo publicitário que pode inviabilizar a prova" (Público)
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Mostra mais uma vez que Costa foi um guloso. Teve mais olhos que barriga e não se informou convenientemente sobre todos os pormenores do evento. É a política do "laissez faire, laissez passer", do "chuta para a frente" e do "logo se vê". Deixa lá, Costa. Temos pena.
EDIT
Já agora, gostava que espreitassem o Post de Pedro Santana Lopes no seu blog, que diz mais do que foi publicado pelas notícias.

08/01/10

Apontar para o lado

José Sócrates é perito em vitimizações. Não suporta uma crítica, ou pior, uma constatação.
Não é que agora os bancos portugueses foram os responsáveis pela crise financeira mundial?!
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Eu ajudo. José, a crise financeira internacional nasceu nos EUA e ganhou nome através de uma modalidade de crédito que não existe, ou se existe tem pouca expressão, em Portugal: "subprime". Isto significa que as pessoas quando iam comprar uma casa, o próprio imóvel servia de garantia.
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Tudo começou quando os juros estavam muito baixos, depois dos EUA terem saído da crise anterior no seguimento da bolha tecnológica, para impulsionar o consumo. Contudo, os juros começaram a subir e as pessoas ficaram sem capacidade para as pegar. Por outro lado, o valor das casas começou a cair, dado que os preços estavam inflacionados, o que levou muito norte-americanos a ter que entregar as suas casas. Segue-se a escassez de liquidez e os problemas todos que estamos fartos de ouvir.
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Portanto, se alguém falhou, foi alguém nos EUA, não os bancos portugueses e muito menos o BPI. Mas quem errou, foi a regulação financeira, nos EUA mas em Portugal também! Senão, veja-se os casos BPN e BPP.
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Depois, José Sócrates vem dizer que o sistema financeiro português se portou muito bem e que Portugal foi dos países que menos gastou na resolução da crise de crédito. Pudera! Mas o mérito é dos bancos portugueses que têm rácios de capital seguros e não concedem esse tipo de crédito!
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Sócrates está simplesmente a tentar desviar atenções, apontar para o lado e gastar à sua vontade. TGV, Aeroportos, Auto-Estradas? Venham eles... (sim José, eu estou a ser irónico...)