13/08/09

Aproveitar o Balanço

As primeiras suspeitas de que a recessão está a acabar ganharam hoje mais força. De acordo com os dados avançados pelo Eurostat (citados aqui), a economia da União Europeia abrandou o ritmo de contracção no segundo trimestre do ano para 0,3%. Já na Zona Euro a contracção foi de apenas 0,1%.
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Um dos destaques vai para Portugal, já que a economia nacional cresceu nos três meses terminados em Junho! O Produto Interno Bruto aumentou 0,3%, o mesmo crescimento registado em França, Alemanha e Grécia. A Eslováquia atingiu um crescimento de 2,2%. O crescimento português surpreendeu os economistas que estavam a contar com uma contracção de 0,6% do PIB.
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Sem se conhecer ainda os dados referentes a Espanha, o Reino Unido contraiu 0,8% e a Holanda 0,9%. Mas a pressionar a economia europeia estão economias da Lituânia (-12,3%), Estónia (-3,7%), Hungria (-2,1%), Letónia (-1,6%) e Roménia (-1,2%).
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Ainda que em termos práticos não se sinta já o efeito, sobretudo nos desempregados, são boas notícias para os portugueses. Isto quer dizer que a economia está a fazer melhor que a média dos seus parceiros da União Europeia e da Zona Euro. Agora que se evitou a contracção da economia no segundo trimestre, resta agora batalhar para retomar o crescimento em termos homólogos, pois o PIB ainda está 3,7% daquele registado em igual período de 2008.
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Mas isto não basta. Agora é necessário aproveitar o crescimento e dinamizar o país. promover políticas de emprego e de apoio às PMEs. Para mim os dois vectores mais preocupantes do nosso país.
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Em relação ao emprego, porque é preocupante que jovens, mesmo os recém licenciados, estejam com muitas dificuldades para arranjar emprego. Mesmo em áreas que tradicionalmente não estavam sobrelotadas. Uma das razões é a vulgarização da licenciatura... Não é o mesmo que há uns 5 ou 10 anos atrás. E agora com o processo de Bolonha ainda pior. Temos uma população cada vez mais qualificada (em título e não necessáriamente em conhecimento e formação) para um mercado muito estático mesmo em áreas "quentes" como a auditoria e consultoria.
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Não menos preocupante é os trabalhadores das fábricas, com 40 e 50 anos que perdem de um momento para o outro o emprego. A velha questão de serem demasiado novos para a reforma e demasiado velhos para trabalhar (em Portugal...). É preciso aproveitar essa mão-de-obra que pode não ser qualificada mas é especializada em algo.
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Em relação às PME's, o tema que considero mais importante na actualidade, porque representam cerca de 90% da massa empresarial do país. São elas que mais contribuem para a economia nacional, em conjunto, e que são responsáveis pelo emprego da maior parte dos portugueses. Os programas de apoio que existem são bem vindos, mas não se destinam a ajudar as empresas que estão com maiores dificuldades. Ajudam quem tem boa capacidade e consegue sobreviver bem no mercado. Nesta altura, a lógica deveria ser ajudar a manter o tecido empresarial português, correr alguns riscos, mas ajudar estas empresas a aguentarem-se. Em muitos casos, apenas precisam de saldar dívidas com o Banco de Portugal e Finanças e de pouco mais para o Fundo de Maneio. No curto prazo, entre 1 a 3 anos, teriam já capacidade para laborarem e criarem valor para o país.

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