22/12/09

Interesse Público

Se há coisa que me irrita é quando um indivíduo ou um conjunto deles querem sobrepôr o seu interesse individual ou colectivo ao interesse da sociedade.
.
A greve marcada pelos super e hiper-mercados para a véspera de Natal, entretanto cancelada, é um exemplo disso. É óbvio que a greve iria atingir quem eles querem. O problema é que iria também atingir a sociedade em geral que necessita ou pode necessitar de ir aos supermercados nesse dia. A analogia mais imediata que me lembro, é a de um assaltante com um refém. O atirador da polícia tem a mira no assaltante e sabe que se disparar o mais provável é que o assaltante também atire sobre o refém. O refém não tem culpa nenhuma, logo deve ser a prioridade. A sociedade não tem culpa nenhuma, logo deve ser também a prioridade. E penso que terá sido este o motivo da desconvocação.
.
Outro exemplo que me incomoda, apesar de apenas raramente andar de autocarro, é as greves nestes meios de transporte. Isso faz atrasar as pessoas, perderem tempo, chegarem atrasadas ao emprego, terem que aguentar com a má disposição dos patrões, chegar atrasado ou faltar a um teste ou exame muito importante, etc. Neste caso, eu até proponho uma solução muito melhor! Deixarem entrar toda a gente no autocarro sem cobrar bilhete. O interesse público não é afectado e o alvo deles, a empresa, arrecada um considerável prejuízo, pelo menos naquele dia.
.
O mesmo digo em relação aos hospitais. Sim, os serviços mínimos são normalmente mantidos, mas é um hospital caramba! Pessoas morrem lá todos os dias portanto se nem os serviços normais são suficientes, quanto mais os serviços mínimos. Existe direito à greve, mas isso não deve nem pode prejudicar os interesses da sociedade em geral. Isso tem um nome: Egoísmo.

6 comentários:

  1. Acha que é do interese público ter pessoas a trabalhar 60H por semana!? Isso é IMORAL! É um retrocesso! SE isso for aplicado a este grupo de "egoístas" como voçê lhes chama, nada impede que venha a recair sobre si no futuro porque o precedente está aberto. Pessoas como voçê, que nitidamente são ignorantes e não conheceem a história dos Direitos Humanos e dos Direitos dos trabalhadores, merecem trabalhar 60H por semana a troco do ordenado mínimo (que nem isso merecem dada a falta de dignidade revelada por semelhantes opiniões). Se estivéssemos a falar de hospitais, ainda compreendia, assim como compreendo (mas não concordo) quando refere o exemplo dos TP. Agora por causa de compras?!?!! Para que conste não trabalho nem tenho ninguem que trabalhe nos hipers.

    André Mano

    ResponderEliminar
  2. Egoísmo??? Gostava de te ver a trabalhar 60 horas por semana e a ganhares 500 € por mês. Isso é o quê? Bondade...
    FELIZ NATAL

    ResponderEliminar
  3. Podem-se ir fazer compras no dia 23 à noite, não?
    Esta greve dos hipermercados nada tem a ver com as greves dos transportes em que os utentes não podem mesmo fugir: todos temos de estar nos empregos a uma dada hora, sem transporte é impossível.
    Agora se ir fazer compras a um supermercado não nos for permitido num dia? Por favor?? Eu acho que os funcionários nem precisavam da greve: bastava informarem a opinião pública das propostas dos empregadores para sensibilizar a opinião pública a não ir lá nesse dia. Teriam até melhores resultados: consumidores responsáveis procuram empresas responsáveis.
    Eu não irei às compras a hipermercados no dia 24

    ResponderEliminar
  4. "Acha que é do interese público ter pessoas a trabalhar 60H por semana!? Isso é IMORAL! É um retrocesso! SE isso for aplicado a este grupo de "egoístas" como voçê lhes chama, nada impede que venha a recair sobre si no futuro porque o precedente está aberto. Pessoas como voçê, que nitidamente são ignorantes e não conheceem a história dos Direitos Humanos e dos Direitos dos trabalhadores, merecem trabalhar 60H por semana a troco do ordenado mínimo (que nem isso merecem dada a falta de dignidade revelada por semelhantes opiniões). Se estivéssemos a falar de hospitais, ainda compreendia, assim como compreendo (mas não concordo) quando refere o exemplo dos TP. Agora por causa de compras?!?!! Para que conste não trabalho nem tenho ninguem que trabalhe nos hipers."

    Copiei porque concorde com o que foi dito pelo André para além de achar que as 60 horas semanais é uma facada na vida social do trabalhador comum.

    ResponderEliminar
  5. Não se trata de compras. Não se trata do consumismo. Nem se trata do facto da sociedade estar errada. Estes funcionários têm toda a razão.

    Agora, convocar uma greve para um dia como este é que perdem toda a razão. Para isso marcavam para esta segunda ou terça-feira passada. Eu não tenho culpa da situação e posso precisar, sejam quais forem os meus motivos, de ir a um super-mercado no dia 24.

    E para os que pensam que falo de barriga cheia, quando ingressei no mercado de trabalho trabalhava em média 65 horas por semana. Não tinha nenhum sindicato e se pensasse em fazer greve ou faltar era imediatamente despedido. Justo? Não. Tal como os trabalhadores em questão. Mas existem outras formas e timings certos para se manifestar que não na véspera de natal.

    E o mais importante de tudo: Eu estou do lado destes trabalhadores! Agora não gosto que interfiram na minha rotina sem eu ter culpa absolutamente nenhuma numa véspera de natal. (E se formos falar em impacto nas vendas, não sei não se qualquer um dos outros dias desta semana não têm um volume maior...)

    ResponderEliminar
  6. "nada impede que venha a recair sobre si no futuro porque o precedente está aberto"

    Caro André Mano,

    Como disse no post anterior, já recaiu sobre mim (e nem sou um grande exemplo disso) e sobre colegas meus que inclusivamente já fizeram directas. E não é propriamente um horário extraordinário mas sim regular. Vai ficar aberto um precedente? Passe uma semana numa empresa de consultoria ou auditoria (exemplos, pois existem muitas mais áreas) e veja se o precedente já não está aberto!!!

    Em relação às 60 horas semanais, seria neste período. Em média, anualmente tinham de trabalhar 40 horas por semana, o que significa que iriam ter direito a trabalhar menos horas no resto do ano. Não é isso que está em causa! O cerne da questão é mesmo o tempo de antecedência com que iriam ser notificados que teriam de trabalhar horas extra.

    Em relação ao egoismo... É! Não mudo a minha opinião. Se eu quero mostrar que tenho razão não posso prejudicar a sociedade em geral. Volto a destacar que as 60 horas semanais era um máximo e que a média anual seriam na mesma as 12 horas semanais.

    ResponderEliminar